A tecnologia, fruto da atividade
humana, é desenvolvida e utilizada em diversos contextos sociais, ao mesmo
tempo ela impacta na vida cotidiana possibilitando novos arranjos de “organização
de vida”. Como afirma Kenski (2003), “[…] desde o início da civilização, o
predomínio de um determinado tipo de tecnologia transforma o comportamento
pessoal e social de todo o grupo. Não é por acaso que todas as eras foram, cada
uma à sua maneira, ‘eras tecnológicas’. Assim tivemos a Idade da Pedra, do
Bronze…até chegarmos ao momento tecnológico atual, da Sociedade da Informação
ou Sociedade Digital”.
Para Kenski as
mudanças ocorridas na sociedade Digital evidenciam novas demandas. Segundo ela
“[…] a nova lógica das redes interfere nos modos de pensar, sentir, agir, de se
relacionar socialmente e adquirir conhecimentos. Cria uma nova cultura e um
novo modelo de sociedade”.
No tocante à
educação, Lucia Santaella, renomada pesquisadora da área, afirma que as
tecnologias de informação e comunicação deram origem a quatro processos de
ensino e aprendizagem:
processos baseados na
tecnologia do livro;
a educação a
distância;
e-learning e aprendizagem
em ambientes virtuais;
m-learning ou aprendizagem
móvel.
Cada um desses processos origina um
modelo educacional, por exemplo: das mídias impressas temos o modelo
gutenberguiano, cujo processo educacional está baseado na transmissão de
conteúdo; às mídias de massa (rádio, telecursos, vídeo) cabe o termo educação a
distância, pois segundo Santaella (2013), nesses casos trata-se de uma educação
que se processa realmente a distância, diferentemente de quando o diálogo
humano-computador é estabelecido; o e-learning caracteriza-se
pela aprendizagem em ambientes virtuais on-line, com a
flexibilização do tempo e espaço e da aprendizagem assíncrona; já o m-learning chega como um novo paradigma a partir
dos aparelhos móveis, cuja característica centra-se na educação on-line acrescida da mobilidade.
Uma nova tecnologia
não elimina as anteriores, elas se complementam. No que se refere às
tecnologias da linguagem e da comunicação, as características de diversificação
e hibridação das mídias no campo educacional não determinam que novos modelos
educacionais tenham que apagar as formas e modelos precedentes.
Podemos observar que
cada uma das formas de aprendizagem apresenta potenciais e limites que lhe são
próprios e, por isso, a educação a distância não substitui inteiramente a
educação gutenberguiana, assim como a aprendizagem em ambientes virtuais não
substitui ambas. Ao contrário, todas elas se complementam, o que torna o
processo educativo muito mais rico.
No tocante às mídias
computacionais, Santaella defende que elas permitem que os usuários tenham “controle
sobre o fluxo de informações, lidem com informações em excesso e
descontinuadas, façam parte de comunidades virtuais, articulem ideia de forma
muito rápida e desenvolvam o pensamento crítico”.
Assim, o acesso a
diferentes ambientes de aprendizagem pode favorecer o treinamento sensório,
perceptivo e mental fazendo com que os sujeitos envolvidos aprendam de modo
distinto daquele em que foram formadas as gerações anteriores.
Por isso professor e
professora, neste século XXI – 2015 – é importamte que você reflita sobre
como gosta de aprender e ensinar nesta sociedade digital, na qual só a
transmissão de conteúdo não cabe mais.
*Escrito por
Glaucia da Silva Brito e Fabricia Cristina Gomes. Glaucia é professora doutora
do Departamento de Comunicação Social e dos Programas de pós-graduação em
Comunicação (PPGCOM) e Educação (PPGE) da Universidade Federal do Paraná –
UFPR, pesquisadora em Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação.
Fabrícia é doutoranda do Programa de pós-graduação em Educação da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), professora e pedagoga da rede pública de ensino. As
profissionais colaboram voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação
e Mídia.
Texto
publicado originalmente em http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-e-midia/
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